Os brutos também amam

Os brutos também amam. Prova disso é o que eu encontrei entre os textos dos Cavaleiros do Apocalipse.

Vejam por si mesmos:

Da lavra de Monsieur Lealcy:

Pele:

Alvo alvo distante,
que minhas mãos não alcançam.
Linda seda, linda forma,
Linda em você!

Alva que se ilumina,
no calor da escuridão.
Posso ver-te em relevo,
quadro pintado pelas sombras.

Quero chegar mais perto,
sentir a textura ofengante.
Quero ver-te molhada,
nua, amargo desejo.

Nem o Sol que te castigas,
nem a Lua que te faz brilhar.
Doce morada minha, menina,
Porque não me convidas?

Da lavra do Cap.Nascimento do Ceticismo André:

Sinto falta:

Sinto falta de sua companhia…

Sinto falta dos dias em que fomos felizes e contentes,
Tranqüilos a andar abraçados por jardins e campos floridos.
Sua beleza me encantava os dias existentes;
Mas hoje me abandonaste, e não sei porque nem somos mais amigos.

Sinto falta de sua companhia…

Sinto falta do aroma que exalava de teus poros,
Do brilho radiante que lhe envolvia quando sorrias.
Sinto falta de teus carinhos tão amorosos;
Mas hoje, não existem mais tão belos dias.

Sinto falta de sua companhia…

Sinto falta do amor que por mim dizias ter,
Bem como o pulsar de nossos corações em uma só cadência.
Agora nada mais queres me dizer;
E maltrata-me, assim, com essa sua ausência.

Sinto falta de sua companhia…

Sinto falta dos olhares apaixonados que me dirigias,
Assim como suas carícias que traduziam a paixão.
Hoje por mim nada mais farias,
Além de deixar-me na mais profunda desolação.

Triste sina daquele que ama verdadeiramente;
Principalmente quando se é desprezado pela mulher, à quem um dia entregou seu coração.
O nome dela, mesmo tarde da noite, se recusa a deixar-lhe a mente,
Como se tivesse prazer em vê-lo na mais profunda solidão.

Continuo sentindo a sua falta…

E, da lavra do Jovem Bardo Revy:

Você:

O lugar que mais me faz sentir falta de você

É a minha sacada, de noite…

Vejo as palmeiras ao vento, os quintais de outras casas,

Mas você, onde está você?

O mar eu vejo um pouco,

O que mais vejo é o céu alaranjado

Me dá aquela saudade do que nem veio ainda,

Que Dinho Ouro Preto tanto conhecia

Eu encosto a cabeça na parede

Olho mais uma vez para a parte da estrada que a vista alcança

Mas você, onde está?

Por que diabos e caracinzas você não chega, onde é que você está?

Sou eu que não te enxergo ou eu que não quero te ver?

Grande que és e diferença que farás, não seria difícil de enxergar-te…

Será? Não seria, talvez quem sabe

Um detalhe que jogamos no chão concentrados no teto?

Éris, minha Éris…

Você me tira o sono, ao perguntar

E a você, cadê a você?

Por que você tanto espera a você?

Não sei, diga-me você

Melhor, diga-me, você!

Por que tanto te espero?

Onde é que estás escondida?

Se é que és, será que você existe?

Ou é apenas o limite da minha imaginação?

Que já há muito ultrapassou a linha desse mundinho pequeno…

Você, você.

Onde é que está você…

…Famintos por ele!

Quero protegê-lo,
Tirar-lhe as pedras do caminho,
Retirar-lhe as barreiras que atrapalham-no,

Quero socorrê-lo,
Quando em maus-lençóis,
Quero ser seu ser a mão estendida,

Quero dele cuidar,
Banhar, alimentar, vestir,
Perfumar, enfeitar…

Quero dele velar,
O sono…
E seus sonhos concretizar…

Quero vê-lo,
Feliz, mãos nos bolsos,
A chutar pedrinhas no caminho,
Assoviando,
Sorrindo,
Sendo por todos notado,
Por todos cumprimentado,
Por todos amado…!

Quero estar com ele,
O tempo todo, Todo o tempo….
Pela manhã,
Andar pelas ruas da cidade,
Tomando sorvete na esquina,
Rindo, quais loucos, na surdina…

Pela tarde,
Comprar pão pro lanche na padaria,
Queijo minas, pão doce

Pela noite,
Onde tudo acontece…
Eu o quero lado,
Despido do medo,
Do orgulho…de tudo,
E após nos tornarmos um,
Quero descansar em seu ombro,
Dormir e sonhar…

Quero assegurar-lhe,
Que não é preciso que fique inseguro,
Que me teste, que fique à espreita,
A vigiar….
Que meu querer é sincero,
Também temo,
Também tremo,
Mas, não sendo ele cobaia,
Abstenho-me de testá-lo…
Apenas confio,

Que a ao vê-lo,
Sinto:
Mãos gélidas,
Pernas trêmulas,
Boca seca,
Coração na boca,
Olhos famintos,
Meus olhos famintos,
Por aqueles olhos verdes,
Meus olhos famintos…
Famintos por ele!

Primeiro motivo da Rosa

Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula, que penso ver, efêmera,
toda a Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil.

Meus olhos te ofereço:
espelho para face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.

Então, de seda e nácar,
toda de orvalho trêmula, serás eterna. E efêmero
o rosto meu, nas lágrimas
do teu orvalho… E frágil.

by Cecília Meireles

Inscrição na Areia

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

O meu amor não tem
importância nenhuma
.

by Cecília Meireles

Tu tens um medo

Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo…
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos…
Enganados…
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor…
… E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.

by Cecília Meireles

Ampulhetas

Recebendo a visita de: Sociedadez Sonz Anciedadez

 

I

Há muito tempo, tudo o que quis for ser beijada,

E ainda quero…

<beijos intermináveis, até que os lábios mudem de cor>

Mas só meus lábios não produzem beijos,

Homens vivem,

Mulheres planejam?

 

Há muito tempo, havia em mim ingenuidade,

Era então só ‘sorrisos’,

<pergunte às flores do caminho>

Mas minha fé ingênua foi cruelmente morta,

Derramei rios de lágrimas,

Cravei minhas unhas nas palmas das mãos,

E nisso fiquei absorta,

 

Socorri-me de força de vontade,

De auto-domínio para poder suplantar

Para poder suportar,

Para poder vencer

 

Mas isso foi há muito tempo….

 

II

Todos os dias preciso de afeto,

Minha natureza delicada assim o exige,

Insinuaram que era doente,

Insinuaram que ‘precisava de ajuda’

Meus presentes, frutos de meu coração,

Foram tidos como moeda de escambo,

Transformaram-me em mera mercadora,

Trataram-me como mera mercadoria!

 

Imputaram-me vilania,

Mas isso,

Foi há tanto tempo!

 

III

Dói-me saber que fiz

Juras de amor tão sinceras,

Juras de amor pouco austeras…

Amei e, querendo ser amada,

Fui SÓ desejada…

Homens desejam,

Mulheres amam.

 

Há muito tempo,

Havia inspiração,

Enternecia-me com a música,

E, até mesmo….com a cor do céu!

Mas isso,

Isso foi há muito, muito tempo!

 

 

IV

Em dado momento perdi a fé,

Perdi esperança,

Morri um pouco….

Cartas voltaram, com carimbos:

– Ausente,

– Recusado,

-Morto

Então morri um pouco….

 

Se buscasse apenas a satisfação da carne,

Encontraria em qualquer esquina,

Em qualquer rosto….

Homens desejam amantes,

Mulheres desejam Amados!

 

Quanto tempo faz?

Faz tempo demais!?

 

 

By me

Solidão no dia dos namorados…pufff

Vi o texto abaixo no blog do amigo-blogueiro Tera.
Ao ler, lembrei-me das expressões tristes de alguns colegas de trabalho e os das pessoas na rua.

Tanta gente só, querendo ser amado!
Mas o que então impediria o encontro?

Talvez as pessoas estejam tão cauterizadas pela dor, tão tomadas pelo medo que se sintam incapazes de mostrar quem realmente são ou o que lhes vai no coração.

É tão fácil despir o corpo, tão difícil despir a alma, retirar as máscaras e mostrar quem realmente somos!

É tão difícil crer na verdade daquele que confessa sincero sentimento, pois somos o tempo todo enganados por outros, que em suas vilanias abusam da fragilidade emocional alheia!

É tão triste que um dia criado para ser alegre (será? Ou será apenas para fins comerciais?) seja tão deveras doído para tantos!

Bueno, é o que penso neste momento. Digo neste momento por dar-me o direito de mudar de idéia.
Eis o texto, faça teu julgamento:

::::::::::::::::::

Solidão que assola um coração

Hoje sinto a solidão mais gelada que já esmagou meu coração.
Parece que há toneladas sobre o meu peito, impedindo-me de respirar e sufocando a pulsação do meu sangue.
Está frio… úmido e escuro.

Estou cansada, esgotada e sem perspectiva adiante.
É nojento e doentio… Há sempre milhares de pessoas ao redor, amigos, colegas, conhecidos e desconhecidos.

Conversas, bate-papo, passatempo, flerte, reflexão…
tudo junto, tudo um pouco, tudo muito, ao mesmo tempo, separado…
É sempre cheio de vozes por perto.
As pessoas olham e veêm uma mulher inteligente, bonita, independente, segura, extrovertida, carinhosa, fiel, dedicada…

Mas não há uma única alma que enxergue a solidão.
Um único coração capaz de acabar com esse vazio.
Chega de pessoas reclamando de seus dissabores amorosos incapazes de dar uma nova chance quando a oportunidade se apresenta.

Basta àqueles que acreditam que não existam mais pessoas interessantes o suficiente à sua altura.
Fim àqueles que não acreditam mais.
Que o pó coma os que covardes a ponto de não investirem, de não se entregarem ao calor de um beijo.

Desejo o tempo, sim…
nada mais impiedoso que ele…
para aqueles que não conseguem deixar que as coisas aconteçam naturalmente, aqueles que querem colocar o amor num cronograma.

Relacionamentos, sentimentos não são projetos.
Por que tentar prever o amanhã?
Quero pessoas maduras, seguras, corajosas e honestas o suficiente para se arriscarem a conhecer alguém.

Pessoas que estejam dispostas a sair e dedicar um tempo às outras pessoas.
Movidas pelo incontrolável desejo de sentir o sangue pulsando em suas veias.
Mantidas pela entrega à emoção do momento.

Não estou dizendo “aproveite e saia com todos”,
não estou dizendo aproveite o “ficar cada dia com alguém diferente”.
Muito pelo contrário, estou dizendo “arrisque-se a realmente estar com alguém”.

Sinta a intensidade do contato com uma outra pele.
Quero pessoas que ousem dizer o que pensam e sentem de verdade.
Quero pessoas que possam se envolver aos poucos, que possam se entregar e se deixar deslumbrar pelas diferenças,
Que queiram se sentir novamente encantadas,
Que consigam dizer que gostaram, que possam falar “mais uma vez”,
Que estejam totalmente à vontade e ao mesmo tempo conscientes de que podem dizer “então, quando é que vamos nos ver de novo”

Sabendo que esse carinho demonstra uma atitude sincera e corajosa, mas que isso não significa um compromisso.
Pessoas maduras, relacionamentos sinceros e jogo limpo…
ou, por que não chegar ao “sem jogo”?

Por que não alcançar o apaixonar-se naturalmente?
Da única maneira que isso pode acontecer como uma mágica sem explicação…
que você nem viu acontecer, mas que te faz sorrir.

By Daiany Gomes (aliás, meus parabéns!)

Da busca infrutífera, da dor da procura

Visitando um amigo lembrei de certa ocasião em que um poema dele recordou-me aspecto de minha vida pessoal. Na ocasião ofertei um comentário em forma ‘poesia’ (piada, não sou boa com as palavras!). Isso ocorreu em março p.p. Desde então minha vida mudou. Algo em mim morreu (um amor insatisfeito), algo em mim nasceu (a esperança), algo em mim permanece em dúvida: será real a mudança? Enfim….continuo vivendo, caminhando.

I

Minhas cartas foram escritas, mas não postadas,
Temo a resposta do destinatário,

Meus verões tornaram-se invernos,
Tão triste é minha solidão,

Está meu coração para sempre marcado,
Marcas não comerciais, marcas estranhas, ininteligíveis e indeléveis.

Não há mais púlpito,
Não há mais público,
Não há mais a quem converter!

Meus armários….vazios!
Estou nua, desnudastes minh’alma…

Equinócios se seguiram sem teu retorno,
não vejo flores, não vejo folhas, não vejo sol, só invernos!

Gastei minha fortuna, meu soldo,
à tua procura….
Milhares de guinéus se foram em recompensas,
nenhuma resposta que me indicasse o caminho!

Orei à Deus,
Aos santos, às virgens,
pedi à dinvidades, deidades.
Nenhuma resposta….chorei, desisti!

II
Longe da bainha.
Abandonastes a peleja.
Foi ela sussurrada, ficou agora sem sentido.
Está ela arada, à espera do semeador

Roma tem vários caminhos,
A estante só tem dois livros.
Doces grilhões as prenderam,
à distância, contemplando…

III
Presos na garganta.
Fechadas neste inverno.

que louca ciranda!

IV
Vide supra: eis tuas respostas.
Enviei cartas (2)
sem obter respostas!

V
Venha a mim que te curo,
Chegue aqui que te amo,
Volte a mim que te ressuscito,
Pouse em mim que te cuido!

O navegante encontrou a ilha,
seduziu a índia,
tomou a terra,
fez nela sua morada,

depois foi ele seduzido por nova estrada,
abandonou o que tinha, apostou o que não podia,
perdeu tudo numa jogatina, numa mão do carteado!

VI
flutuando ao vento, à procura de teu olfato,
vislumbrando o horizonte, em busca de certa embarcação,
chagas abertas no peito, a dilacerar um pobre coração atormentado!
Onde estão os hilários ciúmes?
A terra não navega, desconhece os mares!

VII
Palavras emprestadas:
Estar junto não é estar ao lado,
É estar do lado de dentro.

by me

Não esqueço, porém, determinado Teorema.

Ohhhhhh…terei ficado ‘esperta’?  😉

Correioooooooo!!!!

Lendo: Recanto das Palavras ‘Ainda te escrevo’

Escrevemos por não esquercemos,
não esquecemos o querer,
não esquecemos o gostar,

Mas as cartas, teimosas,
tendem a voltar,
quando voltam, entristecem,
Carimbos dos correios:
– Recusado,
– Destinatário ausente,
– Destinatário morto!

Então morremos juntos,
um pouco….

Tendemos a sofrer,
a não aceitar
Que morte é bem-vista?
Que morte é bem-quista?

E, quando a dor fica quase insuportável,
por vezes recebemos presentes…
Recebemos recados,
Recebemos cartas,
de remetentes desconhecidos.

Então, respondemos,
entre temerosos e curiosos,
entre deliciados e desconfiados…

Então o curso do amor continua,
num eterno ciclo de amar-sofrer,
sofrer-amar, perder-ganhar….

E os correios continuam tendo serventia!

Ouvindo:

Um (o) visitante, há muito, esperado?

Jovem mancebo chegou-se em meu reino,

Também ele, de terras distantes, vinha…

Contaram a mim, servos fiéis:

Exigia ele audiência com a Rainha,

Em minha majestade, ignorei quel’ ousadia,

 

Mensageiro do reino contou o motivo:

O mancebo era de um principado amigo,

Não podendo, ignorá-lo, recebi-o,

– Mal sabia o que isso me traria –

 

As audiências que tivemos, foram curtas,

Tratamos de assuntos relativos à senhoria,

Soberana, impus a ele distância,

Acrescentando, às que já havia,

 

Mas o jovem mancebo, além de belo,

Era mestre em galhardia,

E, de súbito, relevou o que sentia,

Aos críticos do reino, asseguro:

Ofertei a resistência que podia!

 

Renunciei à coroa,

À Majestade,

À fidalgia,

 

Entreguei-me qual plebéia,

Ao amor que presente se fazia…

Não mais reino, ele o faz…

Da opulência à miséria,

Do orgulho à humildade,

Tudo em prol do benfazejo,

Tudo por um beijo…

 

¿Serei eu, o que ele quer?

¿Será ele, o que eu queria?

 

by me

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