O engano foi temporário

maeefilho

Sempre desejei ter vivido na época dos grandes descobrimentos,

Nem era preciso que fosse um capitão,

Tal qual Fernão de Magalhães ou Cristóvão Colombo,

Bastava-me ser um marinheiro,

O importante era poder sentir a experiência da navegação,

Da descoberta de mundos inimagináveis,

Navegar por mares nunca dantes voejados,

Hoje fui agraciada com essa sensação,

Sem que para isso fossem necessárias máquinas mirabolantes do tempo,

Nenhuma máquina como a do filme ‘back to the future’;

Hoje sei o quanto era ignorante,

O quão pouco conhecia…..

Achava que a concepção fosse algo….esdrúxulo,

Algo ‘bonitinho’, sem sabor, sem sentido,

Que fetos eram espécies minimizados de parasitas,

Que se alimentavam de seus hospedeiros

Não só durante a gravidez,

Como também a vida toda,

Achava que a experiência de ter filhos

Era supervalorizada,

Aprazia-me ver os filhos alheios,

Amava fortemente meus sobrinhos e priminhos,

Sem saber o quão grandiosa e poderosa é

Tal experiência…

Hoje eu sei quão tola fui,

Percebi que há uma grandiosa diferença

Entre saber-se grávida por meio e exames laboratoriais,

E Ver e Ouvir aquele pequeno ‘bonequinho’ dentro da gente….

Por Zeus! Foi fantástico!

Foi soberbo ver as perninhas e bracinhos,

O tórax e a cabecinha,

Ouvir aquele som estrondoso do coração!

Sensação ímpar, inigualável….

Agora eu sei,

Que tudo o que fui será mudado,

Não sou mais Fátima Tardelli

Não mais só Fátima Tardelli,

Sou a Fátima Tardelli que será mãe do Giuseppe ou Beatrice,

Sei que tudo o que pensava/sentia sobre o mundo

Será visto por diversos outros prismas,

Como se olhasse por meio de um caleidoscópio,

Sei que o que eu pensava ser o amor,

É tão pequeno se comparado ao que é

Esse NOVO tipo de amor,

Agora eu sei o que é,

Vislumbrar o futuro pensando em outrem,

Planejar o presente,

Pensar no passado…

Tudo muda,

Tudo diferente,

A Fátima que eu fui até hoje,

Meio que ficou esvaecida,

Parece uma carta amarelada,

Um tosco esboço do que me tornarei,

Não tenho medo,

Não tenho dó do que supostamente possa ter perdido,

(a liberdade completa, p.exemplo),

Sinto-me mais forte,

Mais equilibrada,

Mais tudo….

Fico imaginando,

Tudo o que quero ensinar para meu filho/a

Tudo o que quero dizer a ele,

Como quero ensinar que ele/a tem de ser honesto,

Por ser a honestidade uma obrigação, não uma qualidade,

Que ele tem de ser justo,

Por ser a justiça um ideal a ser alcançado,

Que ele tem de ser bom,

Para atender a um impulso interno de seu coração,

Não por medo do julgamento alheio….

Quero ensiná-lo a amar os livros,

A viajar por meio deles,

A sonhar, ao lê-los,

Quero ensiná-lo a enxergar a natureza,

E como ela ajusta tudo de forma maravilhosa,

Quero ensiná-lo a ter pensamento crítico,

E não se deixar levar por miragens,

Quero contar a ele estórias de grandes homens:

Carl Sagan,

Galileu,

Copérnico,

Newton,

Stephen Hawking

Richard Dawkins,

E tantos outros mais,

Quero ensiná-lo a olhar as estrelas,

E enxergar que elas são mais do que luzes bonitas

A enfeitar um céu noturno…

Que são elas vislumbre de um universo grandioso

Maravilhoso, digno de ser respeitado,

Quero ensiná-lo que o que cada homem/mulher

Deste planeta é, é resultado de tudo o que cada homem/mulher

Que já viveram neste planeta foram…

Que somos resultado de todo o conhecimento que a Humanidade acumulou…

Quero ensiná-lo matemática, português, literatura, história, geografia, filosofia, música…

Quero ensiná-lo a olhar as pessoas nos olhos….

Quero ler livros para ele,

Assistir documentários,

Jogar xadrez,

Andar de bicicleta,

A nadar,

A correr,

A brincar com os cachorrinhos,

A ouvir música erudita e rock,

Quero ensiná-lo a abraçar,

Para que ele me presenteie sempre,

Envolvendo meu pescoço

Com seus braços pequeninos.

Meu bebê….saiba que eu quero muito você!

Liberdade e escolha

correntes

Inspirada no texto de minha amiga Cintia ‘Nas asas da borboleta

Liberdade,
Escolha….
Escolho…a liberdade?
Como, se alguns grilhões são tão doces?
Se sou como abelha, voejando em torno do doce contido nos grilhões?

Corremos todo dia em busca da felicidade,
Será que ela coexiste com a liberdade?

Pois vejo na felicidade, também grilhões;
quase tudo que me faz feliz, de certa forma também me prende:
a família, os amigos, o trabalho, os amores…

Tudo sempre faz com que não façamos o que nos dá na veneta,
estamos sempre colocando pesos na balança,
os contrapesos são muitos,
a liberdade é ter escolha….

Ainda assim,
Após pesar os termos,
esta escolha fica difícil….

Pois cada escolha equivale à uma renúncia,
E quem quer renunciar ao que quer que seja?

Não, queremos tudo,
tudinho,
em letras garrafais, nada miudinho….

Queremos a família, os amigos, os amores,
mas queremos liberdade completa,
queremos ter escolha…..

Podem elas coexistirem? A liberdade e a felicidade?
Creia no que quiser: é sua, a escolha.


Renúncia

golfinho

Estive pensando….pensar é um mau hábito que não consigo abandonar,
Será o nosso amor um amor de verão? Daqueles que têm prazo de validade,
Prestes a acabar?

….

E queria que não; queria que perdurasse,
Que durasse não só o tempo de um beijo,
Não só conforme o desejo,

….

forever ande ver; é o que queria…
mas meu querer não muda as coisas,
meu querer não é o suficiente para fazer com que perdure,
meu querer é insuficiente para mantença das coisas….

ah, Zeus! Quero tanto um amor incondicional,
um amor que dure até ficar velhinha,
até ter osteoporose,
te que ele tenha problemas de ereção (rsrs)….

Não quero SÓ um amor de verão!
Sei que o mundo está repleto de ‘piriguetes’, de ‘lanchinhos’….
Sei que os homens – a maioria – não resistem a eles;

Todavia, não é o que sonho,
Sonho com um amor de verdade,
Que minha renúncia a todos os demais,
Tenha reciprocidade – que você também renuncie a todas as outras….

Será possível?
Seria possível num mundo como o que temos?
Será que existem homens capazes de tal renúncia?
Será que existe tal homem?
Será que você é um deles?

Não sei….
Odeio não saber algo….
Queria uma certeza:
Que estás comigo como estou contigo;
Porém, tal certeza sei que não terei,
Ao menos por hora….

E a cada hora que passa,
Sinto-me mais cauterizada,
Sinto que meu coração,
Tantas vezes despedaçado,
Está a entregar as armas,
Desistir….

Por mais que eu goste,
(creia-me: gosto de ti!)
sei que jamais poderia aceitar
ser apenas uma…

não quero sobras,
quero tudo!
Quero sempre, tudo!
Quero um amor permanente,
Poder vislumbrar um futuro….

Poderia eu ter isso contigo?
Estarei no seu coração,
Como está você no meu?

Falei de ‘piriguetes’ e ‘lanchinhos’,
Às vezes invejo mulheres assim…
Que levem a vida na brincadeira,
Que não tenham problemas em brincar,
Com os corações alheios,

Queria ser mulher fatal,
Daquelas que conquistam o território,
Para abandoná-lo em seguida,
Creio que seria mais fácil,
Mais leve, menos doloroso…

Muitas vezes odeio quem sou,
Odeio ser COMO sou,
Tão séria,
Sentimental,
Tão….entregue!

Queria poder ser desonesta,
Mentir sem sentir dor
(na consciência),
fazer os homens ‘gatos e sapatos’

Mas não SOU,
E aprendi que é defeso à qualquer um,
Forçar nossas naturezas…

Tenho de aceitar o quê e como sou,
Quando amo, amo por inteiro,
Quero por inteiro,
Sou exclusiva e quero o mesmo…

Como conviver com isso,
Se por toda parte que olho,
Vejo pessoas que não enxergam as outras,
Que só perseguem seus próprios interesses,
Que sói pensam em si mesmas,

Que fazem da paquera um esporte,
Independentemente do dano e dor que possam causar a outrem….

Não faço isso,
Todas as vezes que flertei por tempo constante,
Me apaixonei e sofri…

Não quero mais sofrer,
Não quero mais morrer por dentro
À cada relacionamento frustrado….

Seria você capaz do mesmo?
Não sei….
E odeio ignorar algo!

Se quer todas as outras,
Renuncie a mim;
Se quer a mim,
Renuncie a todas as outras.

Pra mim,
TEM de ser assim…..

:::::::::::::::::

ET: não acredito que muitas pessoas leiam essas coisas que escrevo; jamais fui boa com as palavras, aqui escrevo o que sinto, sendo prolixa, meus sentimentos são confusos, tal qual a portadora do coração.

Sou o que sou; não nego a mim mesma, se até meus sentimentos refletem a confusão de meus sentimentos, tua escolha é aceitar-me como sou, ou abandonar-me; gosto de mim, apesar dos defeitos que carrego em minha ‘cruz’.

Nunca me intitulei ‘poeta’, não esperem muito de mim; escrevo o que sinto, e fim!


A semana

 

strong-winds

Na madrugada de uma segunda,

Meu coração foi despedaçado;

Mordi os lábios para reter a lágrimas,

Foi em vão…

 

Elas vertiam de mim como se fosse uma cachoeira,

Mentiram-me: lágrimas não lavam almas,

Elas são como ácido que corroem o espírito…

 

Sonhei com um herói,

Um homem que pudesse amar,

Com quem sonhava todas as noites 

Com um sorriso nos lábios,

Os mesmos que mordi…

 

Descobri que não eras herói,

Então achei que eras bandido.

No fim, eras apenas um homem,

Com defeitos e qualidades…

 

No alvorecer da terça,

Desembarquei naquele porto,

Tão conhecido, tão estranho,

Lembrando-me do gosto amargo em minha boca,

Da miríade de dúvidas que pululavam minha mente,

Que pesavam em meu peito,

 

No entardecer da quarta,

Após avaliar todas as vitórias e derrotas de minha vida,

Senti-me qual soldado que torna a pátria,

E que descobre-se um paria,

 

Na quinta buscava descobrir,

Até que ponto poderia suportar os defeitos daquele homem,

Até que ponto poderia apostar no amadurecimento d’aquel menino,

 

Na sexta verti novas lágrimas

Pois, malgrado todos os esforços,

O êxito no decidir não chegou…

Continuo solitária neste caminho,

Continuo uma contadora que usa a teoria do utilitarismo,

Para descobrir se vale a pena….

 

Chove lá fora,

Venta e Ana Terra ocupa minha mente,

Posso ver pela janela a luz amarela dos postes iluminando as folhas das árvores

Tão bonito!

 

Enganei a todos,

Fingi que estava bem, maquiei-me, vesti o terninho,

Fui profissional, fui amiga, fui colega de trabalho,

Fui aluna, fui filha, fui madrinha,

O show tem de continuar.

 

Amanhã penso nisso….sábados geralmente são bons.

O Amor…

mar2

O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

by Carlos Drummond de Andrade

Poemas sobre saudades

mar

Estou com saudades de alguém especial. Por este e outros motivos, estou melancólica, carente e um pouco stressada; para distrair-me, resolvi publicar uma coletânea dos meus poemas preferidos sobre o tema.

Justificativa da imagem escolhida: para mim, a saudades vem como ondas; às vezes é leve, doce e agradável; às vezes o turbilhão nos leva para o fundo, nos tira o ar. Saudades é como o mar: profundo, às vezes belo, às vezes aterrorizante.

Eis:

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

by Clarice Lispector

Que saudades!
Como pode alguém sentir saudades do que nunca houve?
Como pode alguém sentir saudades do que nem viveu?
É como estou hoje,
Com saudades!
Morrendo de saudades dos sonhos que criei,
Chorando de saudades das horas que imaginei,
Das histórias que sonhei.
Hoje estou assim,
Querendo que o tempo vá para onde eu quero,
Para onde ele nunca esteve.
Mas a saudade é tanta que me paralisa,
É muita saudade
E nem aconteceu
E nada eu vivi.
Como se pode sentir saudades de uma época que não existiu?
De fantasias e de promessas que nunca se concretizaram?
Por que sentir saudades de um futuro inventado
quando há um presente imenso para se viver?
Mas não se manda no coração.
O coração é pretensioso e quase sempre faz o que quer,
A razão até tenta dominar,
Mas raramente consegue.
E por causa do coração a gente faz um monte de besteira
E fica esperando, esperando…
Esperando que tudo volte a ser como antigamente…
Ou pior,
Que tudo seja como criamos em nossos sonhos mais recorrentes.

by Germana Facundo

Quando vem a saudade
O tempo volta atrás
O amor vem a realidade
Te esquecer jamais

Quando vem a saudade
Tudo faz lembrar
Todo o amor que eu te dei
E tudo volta num piscar

Toda a lágrima
Que por você eu chorei
Não foi em vão
Agora eu sei

Todo amor que eu senti
Por você, não foi em vão
Com você aprendi
A escutar meu coração

Quando vem a saudade
Agora sei, que nunca esquecerei
O quanto te amei de verdade
Um amor que sempre levarei
Para toda a eternidade.

by Eudes Batista De Paula

PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

by Mário Quintana

Em alguma outra vida,
devemos ter feito algo de muito grave,
Para sentirmos tanta saudade…
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé , doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
Dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe,
Saudade de uma cachoeira da infância,
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais,
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu,
Saudade de uma cidade,
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem estas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar no quarto e ela na sala, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela pra faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre culpada,
Se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na internet,
A encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
Se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua detestando McDonalds,
Se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso…
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que eu estive sentido enquanto escrevia
E o que você provavelmente estará sentindo depois que acabar de ler.

by Miguel Falabela

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já…

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida…

Saudade é sentir que existe o que não existe mais…

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam…

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

by Pablo Neruda

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

by Carlos Drummond de Andrade

Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

by Vinícius de Moraes

DEFINIÇÕES

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta
um capítulo.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente mas, geralmente, não podia.

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Paixão é quando apesar da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não… Amor é um exagero… também não.
Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação,
Esse negócio de amor, não sei explicar.

by Mario Prata

Sardas

contava aquelas sardas,
e aquelas sardas me contavam:
pertenço a um rosto-menino;
e aquele menino tem um rosto;
um rosto que olho perscuto, com verdadeiro gosto,

perdia a conta das sardas,
e passava a contá-las de novo,
perdia-me naquelas sardas,
perdia-me naquele rosto,

10 centavos de beijos!

10 centavos de beijos, você diz…
1 bilhão de dólares em carinhos, digo eu!

Se pudesse reunir toda a riqueza do mundo
em minhas pequenas mãos,
Não entesouraria para mim,
Dá-la-ia a você!

Todos os feriados,
Finais-de-semana,
Dias santos,
Ou não tão santos assim…
Não são suficientes para sanar
A falta que sua presença me faz durante a semana,

Todos os telefonemas,
Scraps, torpedos & afins,
Não bastam para substituir o que tua presença
Ocasiona em mim!

Sinto seu cheiro por toda minha casa,
Sinto-o ainda em mim…
E quando me dizes que sente o mesmo,
Com poucas palavras e mais atos,
Digo que fico ‘fora de mim’….

Conto nos dedos os dias,
Minutos, segundos, milésimos….
Transformei-me numa ampulheta,
Cuja noção de tempo-espaço está ligada a ti

Me chamas de ‘amor’,
Eu, reticente, não retribuía,
Cética que sou, duvidava…
Mas a dúvida virou certeza,
Agora repito seu nome aos ventos,
Converso com flores,
(só não abraço árvores pq isso seria demais, né? Haha!)
…o romantismo, novamente, aflorou em mim….

O que faço contigo, meu italiano,
Cujo nome termina em ‘cy’?
Alias, o que faço comigo,
Assim tão apaixonada por de ti!

Mas a espera, dura…
É recompensadora.
Então espero, é claro que espero!
….agora durma!
Bom descanso, te vejo você amanhã!

Derretendo-me

Você disse:

Você foi a coisa mais importante que ocorreu em minha vida

Isso derrubou-me por completo,
Enterneceu-me por demais,

Minha resposta?
Olhe em meus olhos e a obterá!

Que a guitarra soe!

Uma visita e homenagem a uma amiga

Por muito, muito tempo,
Perdi amores, perdi sabores,
Por medo do desconhecido,
Por medo de razões ocultas,
Por medo de valores ímpios.

Por muito, muito tempo,
Procurei nos acordes duma guitarra,
Uma canção frenética,
De paixão indelével,
De amor fugaz.

Por muito, muito tempo,
Tive medo de amar realmente,
Aquele amor cálido e plácido,
Complacente…
Aquele amor de quem ama, simplesmente,
Sem necessidade de aventuras e explosões efêmeras.

Por muito, muito tempo,
Dancei ‘rock a billy’
Chacoalhando o corpo,
Chacoalhando a mente,
Sem perceber que mentia,
Que escondia de mim mesma,
O medo de não ser correspondida,
De não ser querida…de ser só amiga.

Imaginava eu,
Que a amizade excluía de vez o amor,
Como se fossem água e óleo,
Enquanto que, na verdade,
O amor é sempre amigo,
Que ele (o amor) só se estabelece entre pessoas
Que se conhecem ‘há anos’,
Que, juntas, fazem ‘planos’…
Mesmo que sejam planos sobre o próximo fim-de-semana
Ou a próxima pizza….

Não sabia (euzinha, euzinha mesma!)
Que o amor não exclui o prazer da paixão a dois,
Mas que ele não é como o desespero da fome de ‘chocolate’,
Mas cálido como o sabor do almoço de domingo….

Desconhecia (euzinha, euzinha)
Que o amor da rotina,
Faz com que queiramos conquistar
Ontem, hoje, a cada dia…
Buscando novas formas de surpreender,
De trazer o brilho no olhar!

Hoje eu conheço
Ou amanhã conhecerei…
[quem sabe o que me reservam os quartos cujas portas tenciono abrir?]
Que o amor real é como uma semente,
Que se planta,
Que se rega,
Que se vê brotar,
Que, quando já crescida
(semente transformada em muda)
Se transporta para vaso definitivo,
Ou para o jardim…que se irá apreciar?

Que tal pequena planta,
Com os cuidados necessários,
Transformar-se-á num belo espécime
Que dará as flores tão desejadas!

Que a orquestra toque,
Que a guitarra soe!
[e que os anjos digam amém!]

by me

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