Liberdade e escolha

correntes

Inspirada no texto de minha amiga Cintia ‘Nas asas da borboleta

Liberdade,
Escolha….
Escolho…a liberdade?
Como, se alguns grilhões são tão doces?
Se sou como abelha, voejando em torno do doce contido nos grilhões?

Corremos todo dia em busca da felicidade,
Será que ela coexiste com a liberdade?

Pois vejo na felicidade, também grilhões;
quase tudo que me faz feliz, de certa forma também me prende:
a família, os amigos, o trabalho, os amores…

Tudo sempre faz com que não façamos o que nos dá na veneta,
estamos sempre colocando pesos na balança,
os contrapesos são muitos,
a liberdade é ter escolha….

Ainda assim,
Após pesar os termos,
esta escolha fica difícil….

Pois cada escolha equivale à uma renúncia,
E quem quer renunciar ao que quer que seja?

Não, queremos tudo,
tudinho,
em letras garrafais, nada miudinho….

Queremos a família, os amigos, os amores,
mas queremos liberdade completa,
queremos ter escolha…..

Podem elas coexistirem? A liberdade e a felicidade?
Creia no que quiser: é sua, a escolha.


O Amor…

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O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

by Carlos Drummond de Andrade

Poemas sobre saudades

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Estou com saudades de alguém especial. Por este e outros motivos, estou melancólica, carente e um pouco stressada; para distrair-me, resolvi publicar uma coletânea dos meus poemas preferidos sobre o tema.

Justificativa da imagem escolhida: para mim, a saudades vem como ondas; às vezes é leve, doce e agradável; às vezes o turbilhão nos leva para o fundo, nos tira o ar. Saudades é como o mar: profundo, às vezes belo, às vezes aterrorizante.

Eis:

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

by Clarice Lispector

Que saudades!
Como pode alguém sentir saudades do que nunca houve?
Como pode alguém sentir saudades do que nem viveu?
É como estou hoje,
Com saudades!
Morrendo de saudades dos sonhos que criei,
Chorando de saudades das horas que imaginei,
Das histórias que sonhei.
Hoje estou assim,
Querendo que o tempo vá para onde eu quero,
Para onde ele nunca esteve.
Mas a saudade é tanta que me paralisa,
É muita saudade
E nem aconteceu
E nada eu vivi.
Como se pode sentir saudades de uma época que não existiu?
De fantasias e de promessas que nunca se concretizaram?
Por que sentir saudades de um futuro inventado
quando há um presente imenso para se viver?
Mas não se manda no coração.
O coração é pretensioso e quase sempre faz o que quer,
A razão até tenta dominar,
Mas raramente consegue.
E por causa do coração a gente faz um monte de besteira
E fica esperando, esperando…
Esperando que tudo volte a ser como antigamente…
Ou pior,
Que tudo seja como criamos em nossos sonhos mais recorrentes.

by Germana Facundo

Quando vem a saudade
O tempo volta atrás
O amor vem a realidade
Te esquecer jamais

Quando vem a saudade
Tudo faz lembrar
Todo o amor que eu te dei
E tudo volta num piscar

Toda a lágrima
Que por você eu chorei
Não foi em vão
Agora eu sei

Todo amor que eu senti
Por você, não foi em vão
Com você aprendi
A escutar meu coração

Quando vem a saudade
Agora sei, que nunca esquecerei
O quanto te amei de verdade
Um amor que sempre levarei
Para toda a eternidade.

by Eudes Batista De Paula

PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

by Mário Quintana

Em alguma outra vida,
devemos ter feito algo de muito grave,
Para sentirmos tanta saudade…
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé , doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
Dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe,
Saudade de uma cachoeira da infância,
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais,
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu,
Saudade de uma cidade,
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem estas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar no quarto e ela na sala, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela pra faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre culpada,
Se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na internet,
A encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
Se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua detestando McDonalds,
Se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso…
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que eu estive sentido enquanto escrevia
E o que você provavelmente estará sentindo depois que acabar de ler.

by Miguel Falabela

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já…

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida…

Saudade é sentir que existe o que não existe mais…

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam…

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

by Pablo Neruda

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

by Carlos Drummond de Andrade

Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

by Vinícius de Moraes

DEFINIÇÕES

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta
um capítulo.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente mas, geralmente, não podia.

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Paixão é quando apesar da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não… Amor é um exagero… também não.
Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação,
Esse negócio de amor, não sei explicar.

by Mario Prata

Sardas

contava aquelas sardas,
e aquelas sardas me contavam:
pertenço a um rosto-menino;
e aquele menino tem um rosto;
um rosto que olho perscuto, com verdadeiro gosto,

perdia a conta das sardas,
e passava a contá-las de novo,
perdia-me naquelas sardas,
perdia-me naquele rosto,

A Jardineira

Semeei,

Reguei,

Vi brotar…

Transplantei mudas,

Adubei,

Tornei a regar;

Podei os galhos,

Retirei espinhos,

Recolhi folhas mortas….

Até que,

Finalmente: colhi as flores,

Sorvi os frutos;

Sentei satisfeita

À sombra das árvores já crescidas,

Peguei um livro e li;

Os pássaros me faziam companhia,

Ao som do canto deles, adormeci;

Enquanto ressonava, um sorriso me aflorou aos lábios!

10 centavos de beijos!

10 centavos de beijos, você diz…
1 bilhão de dólares em carinhos, digo eu!

Se pudesse reunir toda a riqueza do mundo
em minhas pequenas mãos,
Não entesouraria para mim,
Dá-la-ia a você!

Todos os feriados,
Finais-de-semana,
Dias santos,
Ou não tão santos assim…
Não são suficientes para sanar
A falta que sua presença me faz durante a semana,

Todos os telefonemas,
Scraps, torpedos & afins,
Não bastam para substituir o que tua presença
Ocasiona em mim!

Sinto seu cheiro por toda minha casa,
Sinto-o ainda em mim…
E quando me dizes que sente o mesmo,
Com poucas palavras e mais atos,
Digo que fico ‘fora de mim’….

Conto nos dedos os dias,
Minutos, segundos, milésimos….
Transformei-me numa ampulheta,
Cuja noção de tempo-espaço está ligada a ti

Me chamas de ‘amor’,
Eu, reticente, não retribuía,
Cética que sou, duvidava…
Mas a dúvida virou certeza,
Agora repito seu nome aos ventos,
Converso com flores,
(só não abraço árvores pq isso seria demais, né? Haha!)
…o romantismo, novamente, aflorou em mim….

O que faço contigo, meu italiano,
Cujo nome termina em ‘cy’?
Alias, o que faço comigo,
Assim tão apaixonada por de ti!

Mas a espera, dura…
É recompensadora.
Então espero, é claro que espero!
….agora durma!
Bom descanso, te vejo você amanhã!

Derretendo-me

Você disse:

Você foi a coisa mais importante que ocorreu em minha vida

Isso derrubou-me por completo,
Enterneceu-me por demais,

Minha resposta?
Olhe em meus olhos e a obterá!

Quem quer um amor assim?

Visitando Sociedadez Sonz Anciedadez

Quem quer um amor,

Que seja como as flores do campo:

Que, não obstante morrerem no outono,

Renascem sempre na primavera?

Quem quer um amor,

Mordaz, audaz, cruel:

Que diga não, querendo dizer sim

Que diga sim, querendo dizer não?!

Que, por não querer perder de uma vez,

Resolve maltratar para perder aos poucos,

Sofrendo menos, doendo menos?

Quem quer um amor,

Profundo como um Oceano,

Convidativo como uma praia ensolarada,

Doce como o mel retirado da fava?

Quem quer um amor,

Que, ofendido, não perdoe,

Que machucado, não queira mal,

Que, correspondido, se entregue …e coisa e tal?

Quem quer um amor,

Que não exclua o desejo,

Que o acolha com um beijo,

Satisfazendo a vontade imperativa de corpos ávidos?

Quem quer um amor,

Fértil como terra nova,

Pronta para ser arada e semeada,

Que deseje dar frutos, mesmo que a retirada deles,

Machuque um pouco os galhos?

Quem quer um amor,

Que não meça distâncias,

Que viaje seis horas em bancos desconfortáveis,

Para encontrar braços doces e repousantes?

Quem quer um amor,

Que, acolhendo-te nos braços,

Perdoe seu sono (e a ‘babada’),

Que vigie seus sonhos,

Que ature suas ‘roncadas’?

Quem quer um amor,

Que não se importe com altura, tamanho e peso,

Que, mesmo não acostumada ao excesso de pêlos

Aprenda a amá-los por habitar corpo adorado?

Quem quer um amor,

Que seja fiel até os ossos,

Que seja leal, honesto, decente,

Que queira conquistar a cada dia,

Que ame assim…docemente?

Quem quer um amor,

Que incentive, que tente motivar,

Que, mesmo que ninguém acredite nele,

Você ainda teime em acreditar?

Quem quer um amor assim,

Sempre se permite acreditar!

By me

Último suspiro

Por primeiro:
Amei com relutância,
Venci a distância,
Agi com liderança….

Então:
Entreguei-me com doçura,
Entreguei-me com loucura,
Entreguei-me por inteiro,

Busquei construir pontes,
Que não foram atravessadas…
Construí estradas,
Que não foram rodadas…

Por azar:
A distância que busquei diminuir,
Buscava você aumentar,
Espaços vagos … preenchi,
Buscou você me impedir
[sabotagem?]

Por último:
Foi o último suspiro,
O último amor inacabado,
O último gozo,
De orvalho que molhava relva seca….

Foi o último acorde,
De instrumento refinado;
Na última orquestra,
Naquele teatro apresentada….

A última película,
Dum cinema já fechado;
O último beijo,
Duma amante apaixonada;
O último choro,
Dum coração dilacerado;
O último grito,
Duma tristeza enclausurada;
O último cheiro,
Dum perfume derramado;
O último néctar,
De flor outrora bela,
Agora murcha, morta!

A última carta devolvida,
Com carimbo:
Destinatário ausente/recusado;
O último blefe,
De jogadora inexperiente, falida…
O último sonho,
De noites agitadas,
O último bombom,
De caixa agora esvaziada;
A última valsa,
De dançarina extenuada;
O último frêmito,
Dum corpo quente/agoniado;

Último:
Como o cigarro de cigarreira esvaziada…
Frevo, de quarta feira acizentada….
Natal: papai-noel aposentado!

Quis ser sua amante,
Amada, amiga….

Mas você não está pronto,
Não se entrega:
Por não querer,
Por não poder,
Por estar desmotivado!

Se paixão/amor não te motiva,
Que força poderia?

Ou não me tens amor
[apesar de assim chamar-me]
Ou o amor não te fascina….

Quaisquer que sejam as respostas,
Não posso eu mais aguardá-las:
Não tenho tempo,
Pois todo o tempo,
Pode ser o último….
Último grão de areia a escorrer,
Numa ampulheta já usada!

by me

Rendição

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

by Clarice Lispector

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