O engano foi temporário

maeefilho

Sempre desejei ter vivido na época dos grandes descobrimentos,

Nem era preciso que fosse um capitão,

Tal qual Fernão de Magalhães ou Cristóvão Colombo,

Bastava-me ser um marinheiro,

O importante era poder sentir a experiência da navegação,

Da descoberta de mundos inimagináveis,

Navegar por mares nunca dantes voejados,

Hoje fui agraciada com essa sensação,

Sem que para isso fossem necessárias máquinas mirabolantes do tempo,

Nenhuma máquina como a do filme ‘back to the future’;

Hoje sei o quanto era ignorante,

O quão pouco conhecia…..

Achava que a concepção fosse algo….esdrúxulo,

Algo ‘bonitinho’, sem sabor, sem sentido,

Que fetos eram espécies minimizados de parasitas,

Que se alimentavam de seus hospedeiros

Não só durante a gravidez,

Como também a vida toda,

Achava que a experiência de ter filhos

Era supervalorizada,

Aprazia-me ver os filhos alheios,

Amava fortemente meus sobrinhos e priminhos,

Sem saber o quão grandiosa e poderosa é

Tal experiência…

Hoje eu sei quão tola fui,

Percebi que há uma grandiosa diferença

Entre saber-se grávida por meio e exames laboratoriais,

E Ver e Ouvir aquele pequeno ‘bonequinho’ dentro da gente….

Por Zeus! Foi fantástico!

Foi soberbo ver as perninhas e bracinhos,

O tórax e a cabecinha,

Ouvir aquele som estrondoso do coração!

Sensação ímpar, inigualável….

Agora eu sei,

Que tudo o que fui será mudado,

Não sou mais Fátima Tardelli

Não mais só Fátima Tardelli,

Sou a Fátima Tardelli que será mãe do Giuseppe ou Beatrice,

Sei que tudo o que pensava/sentia sobre o mundo

Será visto por diversos outros prismas,

Como se olhasse por meio de um caleidoscópio,

Sei que o que eu pensava ser o amor,

É tão pequeno se comparado ao que é

Esse NOVO tipo de amor,

Agora eu sei o que é,

Vislumbrar o futuro pensando em outrem,

Planejar o presente,

Pensar no passado…

Tudo muda,

Tudo diferente,

A Fátima que eu fui até hoje,

Meio que ficou esvaecida,

Parece uma carta amarelada,

Um tosco esboço do que me tornarei,

Não tenho medo,

Não tenho dó do que supostamente possa ter perdido,

(a liberdade completa, p.exemplo),

Sinto-me mais forte,

Mais equilibrada,

Mais tudo….

Fico imaginando,

Tudo o que quero ensinar para meu filho/a

Tudo o que quero dizer a ele,

Como quero ensinar que ele/a tem de ser honesto,

Por ser a honestidade uma obrigação, não uma qualidade,

Que ele tem de ser justo,

Por ser a justiça um ideal a ser alcançado,

Que ele tem de ser bom,

Para atender a um impulso interno de seu coração,

Não por medo do julgamento alheio….

Quero ensiná-lo a amar os livros,

A viajar por meio deles,

A sonhar, ao lê-los,

Quero ensiná-lo a enxergar a natureza,

E como ela ajusta tudo de forma maravilhosa,

Quero ensiná-lo a ter pensamento crítico,

E não se deixar levar por miragens,

Quero contar a ele estórias de grandes homens:

Carl Sagan,

Galileu,

Copérnico,

Newton,

Stephen Hawking

Richard Dawkins,

E tantos outros mais,

Quero ensiná-lo a olhar as estrelas,

E enxergar que elas são mais do que luzes bonitas

A enfeitar um céu noturno…

Que são elas vislumbre de um universo grandioso

Maravilhoso, digno de ser respeitado,

Quero ensiná-lo que o que cada homem/mulher

Deste planeta é, é resultado de tudo o que cada homem/mulher

Que já viveram neste planeta foram…

Que somos resultado de todo o conhecimento que a Humanidade acumulou…

Quero ensiná-lo matemática, português, literatura, história, geografia, filosofia, música…

Quero ensiná-lo a olhar as pessoas nos olhos….

Quero ler livros para ele,

Assistir documentários,

Jogar xadrez,

Andar de bicicleta,

A nadar,

A correr,

A brincar com os cachorrinhos,

A ouvir música erudita e rock,

Quero ensiná-lo a abraçar,

Para que ele me presenteie sempre,

Envolvendo meu pescoço

Com seus braços pequeninos.

Meu bebê….saiba que eu quero muito você!

Fugir

icarus_031

Queria fugir de mim,

Ser outra pessoa, sei lá

Talvez uma escritora:

Anais Nin,

Georges Sand…

Escrever avidamente,

Viver como se fosse o último dia

Queria voltar à infância,

Ir ao Piqueri jogar pão velho aos patos,

Imaginando que poderiam ser cisnes,

Lavá-los com detergente novamente,

Só pra ver se afundam, como já fiz

Queria ficar de ponta-cabeça,

Naquele brinquedo infantil,

Que mais parece uma gaiola…

Queria fazer pipas com restos de folha-de-seda,

Linha e cola….

Só pra ver que a pipa não sobe,

Não voa….

Queria cair do JJ novamente,

E novamente em cima do formigueiro,

Machucando-me, mas sabendo-me viva!

Queria ser uma astronauta,

Pára-quedas, já saltei,

Queria ir uma Apolo qualquer,

Dar um passo na lua, quem sabe?

Correr….

Queria estar longe daqui,

Desta incerteza que machuca,

Da falta de sossego, que me aflige.

Queria fugir!

Correr pelos bosques,

Esconder-me numa árvore,

Andar a esmo em caminhos estranhos….

Queria dirigir meu carro por estradas rápidas

Acelerar fundo sem medo de multas

Soltar as mãos do volante só pra ver como é

Queria me divertir….

Queria ir à São José, ver o Revy

Ir à montes Claros, ver o Ro,

Ir à Politécnica, ver a Ci

Ir à Saúde, ver a Rê

Diabos, estou presa aqui!

Preciso reler o Monte Cristo,

E com o conde, criar uma estratégia,

Escapulir….

Ou então falar com Moll Flanders,

Mãos rápidas, mãos leves….

Trasngredir algumas normas,

Cometer alguns pecados….

Estou cansada de Morpheus,

Não quero mais viver de enganos,

Com essa maldita sensação de logro,

É fogo!

Queria conhecer Ícaro,

Emprestar as asas e voar

Queria ser um pássaro qualquer,

Uma folha a voejar,

Uma pluma carregada pelo vento,

Queria levar minha amiga Nenê

P’rum lugar onde não houvesse dor,

Carregar a Duda nos ombros,

Passear no carroussel….

Queria pescar,

Em alto-mar,

Com Marcelo, Renato, Miro e Robson,

Pegar um belo peixe-espada,

Tirar uma foto, exibi-la na sala-de-estar,

Depois soltar….

Quero sapatos novos,

Roupas novas,

Um carro novo,

Uma viagem num cruzeiro,

Uma casa nova,

Quero voar!

Uma parte de mim morre um pouco, todos os dias….

Estou mudando. Aos poucos, lentamente…mas estou. Não creio que para melhor; mais realista, menos sonhadora; mas não melhor. O mundo que eu desejava para mim mostrou-se ser inviável. Era um mndo bonito e ressinto-me de estar desistindo dele….

Que a terra lhe seja leve….

porta-casquinha-g

Foram 1.460 dias,

4 anos em que amei sozinha!

Te apoiei em tudo o que fazias,

Te desejei, dia-a-dia…

Dedicação assim, não se encontra em qualquer esquina!

E ainda assim, tu me traía

Pela Internet, que seja…

Mas traía!

– ‘Bobagem’….você dizia…

Ah…! Eu havia esquecido!

Havia esquecido o amor que senti

E como ele foi substituído ante à tua infidelidade.

A dor fina

Que qual faca, dilacerou meu coração,

Havia deixado no passado

Abandonei-te, reconstruí minha vida…

E enfim te esqueci!

Seu telefonema mudou tudo isso:

Voz conhecida, fez meu rosto empalidecer

Cúmulos-nimbos se formaram

No céu outrora ensolarado.

Todo meu ser está em revolta

Revolvo meu âmago numa angústia sem par!

Com o estômago revirado

Sinto ânsia, tristeza e pesar!

Solto um impropério

Que revela meu asco.

Num esgar de desprezo,

Relembro teu rosto.

Renato Russo queria a espada,

Menos romântica,

Queria um revólver

Mas fantasmas não morrem,

Você continuaria a respirar…

Queria rasgar as folhas

Deste livro antigo,

Queimá-o numa grande fogueira inquisidora

Eu tenho um indulto!

[grito]

tu não podes mais me alcançar!

Estou agora feliz em outros braços

Tua imagem só me traz temores,

Não que você signifique algo,

Mas temo reviver situação análoga!

[abanando os braços para espantar maus pensamentos,

fazendo figa para afastar maus presságios]

Tua presença não é bem-vinda

– Toc, toc! (batem à porta)

…..Silêncio….

SAIA DA MINHA VIDA!

Liberdade e escolha

correntes

Inspirada no texto de minha amiga Cintia ‘Nas asas da borboleta

Liberdade,
Escolha….
Escolho…a liberdade?
Como, se alguns grilhões são tão doces?
Se sou como abelha, voejando em torno do doce contido nos grilhões?

Corremos todo dia em busca da felicidade,
Será que ela coexiste com a liberdade?

Pois vejo na felicidade, também grilhões;
quase tudo que me faz feliz, de certa forma também me prende:
a família, os amigos, o trabalho, os amores…

Tudo sempre faz com que não façamos o que nos dá na veneta,
estamos sempre colocando pesos na balança,
os contrapesos são muitos,
a liberdade é ter escolha….

Ainda assim,
Após pesar os termos,
esta escolha fica difícil….

Pois cada escolha equivale à uma renúncia,
E quem quer renunciar ao que quer que seja?

Não, queremos tudo,
tudinho,
em letras garrafais, nada miudinho….

Queremos a família, os amigos, os amores,
mas queremos liberdade completa,
queremos ter escolha…..

Podem elas coexistirem? A liberdade e a felicidade?
Creia no que quiser: é sua, a escolha.


Renúncia

golfinho

Estive pensando….pensar é um mau hábito que não consigo abandonar,
Será o nosso amor um amor de verão? Daqueles que têm prazo de validade,
Prestes a acabar?

….

E queria que não; queria que perdurasse,
Que durasse não só o tempo de um beijo,
Não só conforme o desejo,

….

forever ande ver; é o que queria…
mas meu querer não muda as coisas,
meu querer não é o suficiente para fazer com que perdure,
meu querer é insuficiente para mantença das coisas….

ah, Zeus! Quero tanto um amor incondicional,
um amor que dure até ficar velhinha,
até ter osteoporose,
te que ele tenha problemas de ereção (rsrs)….

Não quero SÓ um amor de verão!
Sei que o mundo está repleto de ‘piriguetes’, de ‘lanchinhos’….
Sei que os homens – a maioria – não resistem a eles;

Todavia, não é o que sonho,
Sonho com um amor de verdade,
Que minha renúncia a todos os demais,
Tenha reciprocidade – que você também renuncie a todas as outras….

Será possível?
Seria possível num mundo como o que temos?
Será que existem homens capazes de tal renúncia?
Será que existe tal homem?
Será que você é um deles?

Não sei….
Odeio não saber algo….
Queria uma certeza:
Que estás comigo como estou contigo;
Porém, tal certeza sei que não terei,
Ao menos por hora….

E a cada hora que passa,
Sinto-me mais cauterizada,
Sinto que meu coração,
Tantas vezes despedaçado,
Está a entregar as armas,
Desistir….

Por mais que eu goste,
(creia-me: gosto de ti!)
sei que jamais poderia aceitar
ser apenas uma…

não quero sobras,
quero tudo!
Quero sempre, tudo!
Quero um amor permanente,
Poder vislumbrar um futuro….

Poderia eu ter isso contigo?
Estarei no seu coração,
Como está você no meu?

Falei de ‘piriguetes’ e ‘lanchinhos’,
Às vezes invejo mulheres assim…
Que levem a vida na brincadeira,
Que não tenham problemas em brincar,
Com os corações alheios,

Queria ser mulher fatal,
Daquelas que conquistam o território,
Para abandoná-lo em seguida,
Creio que seria mais fácil,
Mais leve, menos doloroso…

Muitas vezes odeio quem sou,
Odeio ser COMO sou,
Tão séria,
Sentimental,
Tão….entregue!

Queria poder ser desonesta,
Mentir sem sentir dor
(na consciência),
fazer os homens ‘gatos e sapatos’

Mas não SOU,
E aprendi que é defeso à qualquer um,
Forçar nossas naturezas…

Tenho de aceitar o quê e como sou,
Quando amo, amo por inteiro,
Quero por inteiro,
Sou exclusiva e quero o mesmo…

Como conviver com isso,
Se por toda parte que olho,
Vejo pessoas que não enxergam as outras,
Que só perseguem seus próprios interesses,
Que sói pensam em si mesmas,

Que fazem da paquera um esporte,
Independentemente do dano e dor que possam causar a outrem….

Não faço isso,
Todas as vezes que flertei por tempo constante,
Me apaixonei e sofri…

Não quero mais sofrer,
Não quero mais morrer por dentro
À cada relacionamento frustrado….

Seria você capaz do mesmo?
Não sei….
E odeio ignorar algo!

Se quer todas as outras,
Renuncie a mim;
Se quer a mim,
Renuncie a todas as outras.

Pra mim,
TEM de ser assim…..

:::::::::::::::::

ET: não acredito que muitas pessoas leiam essas coisas que escrevo; jamais fui boa com as palavras, aqui escrevo o que sinto, sendo prolixa, meus sentimentos são confusos, tal qual a portadora do coração.

Sou o que sou; não nego a mim mesma, se até meus sentimentos refletem a confusão de meus sentimentos, tua escolha é aceitar-me como sou, ou abandonar-me; gosto de mim, apesar dos defeitos que carrego em minha ‘cruz’.

Nunca me intitulei ‘poeta’, não esperem muito de mim; escrevo o que sinto, e fim!


Henry & June?

listradinho

Henry Müller não amava Anais Nïn,
Ou amava, mas uma espécie de amor tão-somente carnal;
Não era aquele amor,
Que sói mulheres sonham,
Que sói nós mulheres queremos,
Que só por ele ardemos,
Este, Henry sentia por June….

O amor contemplativo,
O amor emotivo,
O amor sonolento,
Modorrento,

À Anais restavam sobras,
Restava apenas….desejo,
Daqueles que não prescindem de beijos,

Que azar o da Anais,
Que sorte o da June,
Ou seria o inverso…?

Penso que o melhor seria,
Experimentar a soma dos dois:
O amor-emotivo,
O amor-desejo,
Tudo selado com vários beijos,

Vi no blog de duas meninas a imagem do post e me inspirei:
Quero um amor listadinho,
Mas quero também um amor que me dê calor,
Daquele que Maria Moura sentia por Cirino,

Quero um amor-perfeito,
Acho que disso, só terei a flor….
E se EU comprar, bien entendú!

‘Tem problema não….
o perfume dela, ficará em minhas mãos.

Sardas

contava aquelas sardas,
e aquelas sardas me contavam:
pertenço a um rosto-menino;
e aquele menino tem um rosto;
um rosto que olho perscuto, com verdadeiro gosto,

perdia a conta das sardas,
e passava a contá-las de novo,
perdia-me naquelas sardas,
perdia-me naquele rosto,

A Jardineira

Semeei,

Reguei,

Vi brotar…

Transplantei mudas,

Adubei,

Tornei a regar;

Podei os galhos,

Retirei espinhos,

Recolhi folhas mortas….

Até que,

Finalmente: colhi as flores,

Sorvi os frutos;

Sentei satisfeita

À sombra das árvores já crescidas,

Peguei um livro e li;

Os pássaros me faziam companhia,

Ao som do canto deles, adormeci;

Enquanto ressonava, um sorriso me aflorou aos lábios!

Um dia de cada vez

Havia um disco em minha vitrola,

Que tocava incessantemente músicas antigas,

Fora de meu tempo,

Além de minha vida,

Areia que refaz o caminho da ampulheta

Resquício de um passado que quer voltar….

Tentei desligar, apertando o ‘power’,

Mas a vitrola parecia assombrada,

Como assombradas são algumas lembranças de outrora….

Num ato de negativa,

De rebeldia

(tu não tornas!)

Puxei o plug da tomada,

E o silêncio se fez….

Mas não era silêncio opressivo,

Antes libertador,

Antes pacífico…..

Fiquei a meditar

Sobre os caminhos que a vida revela,

Olhando o passado,

Sofro, sorrio….

A medida da dor

Ou da alegria,

Reside na intensidade e constância

De cada experiência….

O futuro também poderia,

Ser fonte de prazer,

Ser nascente de alegria….?

A esperança em dias felizes do porvir

É capaz de tomar precioso tempo….

Então, tal qual fiz com o passado,

Abandonei o futuro,

Entreguei-me ao presente…

Só aguardo,

A cada sol poente,

O nascer de um novo dia!

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